O que é musaranho-pigmeu?

O musaranho-pigmeu (Suncus etruscus) é um micromamífero pertencente à Ordem Soricomorpha (Aulagnier, 2008). É conhecido por ser o menor mamífero conhecido no mundo.

Descrição física

O musaranho-anão é um dos menores mamíferos do mundo, com comprimento cabeça-corpo entre 35,0 e 53,0 milímetros e um peso relativo 1,2-2,7 gramas. Externamente, o musaranho-anão é semelhante aos outros musaranhos da sua família, porém é facilmente distinguível pois apresenta uma cabeça proporcionalmente maior e a cauda mais longa (cerca de metade do comprimento do corpo). As orelhas são bem visíveis, os olhos são pequenos e a cauda é revestida com uma pelagem curta, com alguns pêlos muito longos e salientes (López-Fuster, 2002). Esta espécie apresenta pouca variação sazonal na cor da pelagem. Em geral, a cor da pelagem é cinza-acastanhado, podendo apresentar algumas manchas vermelhas no dorso. Na zona ventral, apresenta tonalidades mais claras, com três pares de mamas na região inguinal (López-Fuster, 2002). Ao contrário do género Crocidura, o género Suncus apresenta quatro dentes unicúspides na parte superior da boca, embora o último seja extremamente pequeno. Os dentes da mandíbula são semelhantes aos do musaranho-de-dentes-brancos, Crocidura russula, embora de menor tamanho. A sua fórmula dental é: 3.1.2.3/1.1.1.3 (López- Fuster, 2002). O musaranho-anão é um ser diplóide com 42 cromossomas (2n= 42).

Distribuição geográfica

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Esta espécie é muito comum no sul da Europa e no norte de África. Também se encontra presente no Médio-Oriente, Península Arábica, Ásia Central, Ásia do Sul e no sudeste da Ásia continental (Aulagnier, 2008). Na Europa, o musaranho-anão ocorre em torno do mar mediterrâneo, nomeadamente nas Penínsulas Ibérica, Italiana e dos Balcãs e em várias ilhas do Mediterrâneo. A espécie foi introduzida na Ilha de Tenerife, no Arquipélago das Canárias (Espanha) (Aulagnier, 2008). O musaranho-anão ocorre desde o nível do mar (0 metros) até aos 3000 metros de altitude (López-Fuster, 2002).

Habitat e ecologia

Na região do Mediterrâneo, o musaranho-anão prefere bosques abandonados com olivais, vinhas e outras áreas cultivadas invadidas por arbustos do Mediterrâneo. Ocorre também em jardins, maquis mediterrâneos, matagais e florestas abertas de carvalhos e pinheiros do Mediterrâneo, com muros de pedra, usados como abrigos. Evita dunas, florestas densas e terras cultivadas intensivamente (Libois e Fons, 1999; Palomo e Gisbert, 2002). No Sul da Ásia, ocorre em florestas temperadas e tropicais, com contacto próximo a habitações humanas (Molur et al., 2005). É mais activo durante a noite do que o dia, com pico de actividade ao amanhecer. Ao longo do dia, consome o equivalente ao dobro do seu peso corporal apresentando uma dieta insectívora, que inclui uma grande variedade de insectos, evitando os que possuem grande tamanho (relativamente a ele) e exosqueleto composto por quitina. Apesar de ingerir praticamente alimentos de origem animal, há relatos em que o musaranho-anão se alimenta parcialmente de azeitonas, possivelmente por o seu alto teor de óleo (López-Fuster, 2002). Na ausência ou escassez habitual de alimento, o canibalismo pode ocorrer. Em condições desfavoráveis, nomeadamente pela falta de alimentos, o musaranho-anão pode ficar em torpor durante várias horas, o que representa uma poupança de energia de 15% (Libois e Fons, 1999). Em geral, o musaranho-anão é uma espécie social, embora o grau de competição intra-específica varie de acordo com a época do ano, o estado sexual e a abundância de alimentos. Assim, enquanto que durante a época de reprodução as fêmeas se cruzam com vários machos e existe uma forte atracção social entre os indivíduos, nos restantes meses aumenta a agressividade intra-específica em ambos os sexos (Libois e Fons, 1999).

Reprodução

Geralmente, o ciclo reprodutivo começa no início da Primavera e termina no Outono. Em cativeiro, os machos atingem a maturidade sexual duas semanas mais cedo do que as fêmeas. Os primeiros acoplamentos ocorrem no final de Abril e o período de gestação tem cerca de 27/30 dias. Durante a época de reprodução uma fêmea tem três ciclos reprodutivos concebendo 2 a 5 crias por ciclo. Estas nascem nuas e pesam cerca de 0,25 gramas. As pálpebras estão fechadas e os olhos são visíveis através da pele. A partir do quarto dia, os primeiros pêlos começam a surgir, sendo que ao décimo primeiro dia de vida as crias já estão totalmente coberto de pêlo . Os olhos abrem às duas semanas de vida (López-Fuster, 2002). Com três semanas de vida, altura em que a amamentação termina, o musaranhoanão já possui as dimensões e a aparência de um adulto, começando a viver de forma independente. A maturidade sexual é atingida com 1 ano de vida (López-Fuster, 2002). A espécie tem uma esperança de vida de 18 meses, embora possa chegar aos dois anos e meio, em cativeiro.

Predação

O musaranho-anão é predado por aves de rapina, como a coruja-das-torres (Tyto alba), a coruja-do-nabal (Asio flammeus), e o bufo-pequeno (Asio otus), embora não seja uma presa dominante (López-Fuster, 2002). Ocasionalmente também é capturado por carnívoros de pequeno e médio porte, répteis, nomeadamente cobras e lagartos e algumas aves diurnas (Palomo e Gisbert, 2002).

Factores de Ameaça

Actualmente, não existem grandes ameaças a esta espécie que possam levar à sua extinção (Aulagnier, 2008).

Conservação

O musaranho-anão está classificado pelo IUCN como uma espécie Pouco Preoucupante (LC) devido à sua ampla distribuição geográfica (ocorrendo em muitas áreas protegidas) e à sua tolerância a mudanças repentinas no habitat sendo muito difícil o rápido declínio da espécie (Aulagnier, 2008). Esta espécie encontra-se listada no Apêndice III, da Convenção de Berna. Está presente em várias áreas protegidas da sua distribuição geográfica (Aulagnier, 2008).

Referências

  • Aulagnier, S., Hutterer, R., Jenkins, P., Bukhnikashvili, A., Kryštufek, B. e Kock, D. (2008). Suncus etruscus. Em: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. <www.iucnredlist.org>. Acedido a 9 de Maio de 2014.
  • Libois, R. e Fons, R. (1999). Suncus etruscus. Em: A. J. Mitchell-Jones, G. Amori, W. * Bogdanowicz, B. Kryštufek, P. J. H. Reijnders, F. Spitzenberger, M. Stubbe, J. B. M. Thissen, V. Vohralík and J. Zima (eds), The Atlas of European Mammals, pp. 1-484. Academic Press, Londres.
  • López-Fuster M.J. (2002). Suncus etruscus (Savi, 1822) Em: Atlas de los mamíferos terrestres de España. L. J. P. Muñoz, e J. Gisbert (2002). Dirección general de conservación de la naturaleza, Sociedad española para la conservación y estudios de los mamíferos, & Sociedad española para la conservación y estudio de los murciélagos. Madrid.
  • Molur, S., Srinivasulu, C., Srinivasulu, B., Walker, S., Nameer, P. O. e Ravikumar, L. (2005). Status of South Asian Non-volant Small Mammals: Conservation Assessment and Management Plan (C.A.M.P.) Workshop Report. Zoo Outreach Organisation /CBSG-South Asia., Comibatore, India.
  • Palomo, L. J. e Gisbert, J. (2002). Atlas de los mamíferos terrestres de España. Dirección General de Conservación de la Naturaleza. SECEM-SECEMU, Madrid.

Fonte original: musaranho-pigmeu. Compartilhado com Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License

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