Coagulograma é um conjunto de provas, que podem ser solicitadas por médicos, veterinários e dentistas para analisar e detectar alterações no tempo de coagulação do sangue. O conjunto de exames podem ser solicitados como um todo ou individualmente de acordo com a necessidade médica. Os exames que compõem o coagulograma são:
Tempo de Sangramento (TS)
Tempo de Coagulação (TC)
Retração do coágulo
Prova do laço
Tempo de Ativação da Protrombina (TAP)
Tempo de Ativação Parcial da Tromboplastina (KPTT ou TTPA)
Número de Plaquetas
Esses exames são muito importantes principalmente no pré-operatório de cirurgias de médio e grande porte, são fundamentais quando o paciente apresenta histórico de sangramentos repentinos ou de doenças que alteram a coagulação. Também são solicitados quando um paciente for picado por algum animal ou inseto que possui toxina que altera a hemostase (coagulação). Importante salientar que nesses casos o animal ou inseto deve ser capturado e levado ao hospital junto com o paciente para ser realizado tratamento mais eficaz, caso não seja possível é realizado coagulograma para avaliar a ação da toxina. Existem inúmeras doenças relacionadas a coagulação do sangue e por isso o coagulograma é muito solicitado na prática da clínica médica.
Lembrando que estamos falando de sangue que é um tipo de tecido conjuntivo na forma líquida, produzido na medula óssea, mas também pode ser produzido no baço e gânglios linfáticos. A produção de sangue recebe o nome de Hematopoiese e se configura com aproximadamente 34% de elementos figurados (Hemácias, Leucócitos e Plaquetas) e 66% de Plasma. Uma das doenças mais famosas e necessita dos testes de coagulograma é a Dengue, que interfere diretamente na coagulação e naprodução de plaquetas (trombocitopenia). Outro teste que faz parte do coagulograma é o Dímero-D, avaliado por exemplo em casos de tromboembolismo pulmonar.
Tempo de sangramento
O tempo de sangramento corresponde à duração de uma pequena hemorragia
quando uma incisão de dimensões padronizadas é praticada na pele
artificialmente. O teste fornece dados relativos a função e números de
plaquetas, bem como da resposta da parede capilar à lesão. Tempo de
sangramento aumentado sugere a complementação do estudo pela contagem
das plaquetas. TÉCNICA: 1. Fazer a assepsia do lóbulo da orelha ou polpa
digital com álcool. Escolher o local da picada evitando áreas congestas
e inflamadas.
Tempo de coagulação
O tempo de coagulação corresponde o tempo gasto para o sangue coagular,
quando registrado no organismo. Fornece dados relativos ao sistema de
coagulação do sangue. É um teste sujeito a numerosas variáveis e que
atualmente deve ser substituído pelo tempo de tromboplastina parcial.
TÉCNICA
Retração do coágulo
A percentagem de retração do coágulo é representada pelo volume do soro
obtido, após coagulação e retração do coágulo, de uma quantidade
determinada de sangue. O coágulo inicial contém todos os elementos do
sangue. Após sua retração o soro é expulso da malha de fibrina, que se
retrai pela ação das plaquetas. Fornece dados relativos à atividade
plaquetária. Uma retração pequena corresponde a um número de plaquetas
abaixo de 100.000 por mL de sangue. Nas deficiências funcionais das
plaquetas, a prova pode estar alterada em presença de número normal ou
aumento de plaquetas.
TÉCNICA:
1. Colher um pouco mais de 5ml de sangue por punção venosa.
2. Encher o tubo de centrífuga até a marca 5ml.
Atualmente os laboratórios adaptaram uma nova técnica para a leitura da retração do coágulo; através do aproveitamento do tubo utilizado no tempo da coagulação é feita também a retração do coágulo. É marcada uma hora após a realização do TC com o tubo no banho a 37 ºC depois, utilizando uma pipeta volumétrica de 1 mL, todo o soro do tubo é aspirado. O volume aspirado do volume total é considerado o valor da retração do coágulo. Ex: se for aspirado 0,4 mL de soro, então a retração do coágulo tem como resultado 40%. Porém esta técnica não foi encontrada em literaturas.
Prova do laço
O sangue é normalmente retido no leito capilar devido à resistência
oferecida pela parede destes finos vasos. A permeabilidade capilar
alterada permite a passagem das células do sangue para os tecidos. Isso
é evidenciado pelo aparecimento de petéquias na pele. O número e tamanho
das petéquias dependem da estrutura do endotélio capilar e número de
plaquetas por microlitro de sangue.
TÉCNICA: 1. Verificar a presença de petéquias no braço do paciente. Caso existam, contorna-las com lápis dermográfico. 2. Adaptar o manguito do aparelho de pressão ao braço do paciente. 3. Determinar a pressão diastólica e mantê-lo insuflado nessa pressão durante 5 minutos. 4. Desinsuflar rapidamente o manguito. Verificar o aparecimento e contar o número de petéquias formadas durante o teste.
RESULTADOS: O resultado é fornecido conforme o número e tamanho da s
petéquias. Com afinidade de estabelecer uma uniformização para a leitura
da prova, os seguintes resultados são convencionados:
Negativo: nenhuma ou no máximo seis petéquias puntiformes no limite onde
foi colocado o manguito.
Positivo +: de 6 a 50 petéquias puntiformes isoladas localizadas na
região da fossa antecubital.
Positivo ++ : inúmeras petéquias puntiformes isoladas e localizadas na
fossa antecubital, antebraço e raras na mão.
Positivo +++ : petéquias de dois a quatro milímetros com a mesma
localização anterior e confluente em algumas áreas.
Positivo ++++ : petéquias maiores que as anteriores localizadas em to a
área de estase, confluentes em alguns pontos, dando ao membro coloração
violácea
TAP
Ao plasma descalcificado pelo citrato, é adicionado um excesso de
tromboplastina. Considerando que protrombina é convertida em trombina
num tempo uniforme, a recalcificação com qualidade conhecida de cloreto
de cálcio produz a coagulação do plasma. O tempo, em segundos, anotado
desde a recalcificação até a coagulação é o tempo de protrombina. A
prova determina a atividade da protrombina no sangue.
TÉCNICA: 1. Colocar o tubo com 0,2 mL de tromboplastina cálcica em banho-maria a 37 ºC marcando 2 min.
Interpretação: A determinação do TP constitui prova de grande valor na avaliação da hemostasia, analisando os fatores extrínsecos da coagulação. Diagnóstico da coagulação intravascular disseminada. Controle de terapêutica heparínica e fibrinolítica. O seu tempo está prolongado em paciente em uso de heparina, depleção do fibrinogênio, doenças hepáticas, paraproteínas e disfibrinogenemias
TTPa
Em princípio esta prova é semelhante ao tempo de protrombina. Envolve a
recalcificação do plasma, porém em presença de uma cefalina proveniente
de um extrato etéreo de cérebro. A cefalina é uma lipoproteína. Funciona
como substituto das plaquetas, fornecendo uma concentração ótima de
fosfolípede. O tempo de tromboplastina parcial corresponde ao tempo
gasto para ocorrer a coagulação do plasma recalcificado em presença de
um fosfolípede ou tromboplastina parcial.
TÉCNICA: 1. Em um tubo de ensaio de 12 x 75 mm aquecido a 37 ºC, colocar 0,1ml de plasma normal e 0,1 mL de cefalina-caolin.
Interpretação: É o melhor dos testes para ser usado nas triagens de defeitos da coagulação (via intrínseca). Controle de heparinização. O tempo está prolongado nas deficiências de um ou mais fatores (I,II, V, VII, IX, XI e XII) e no uso terapêutico de heparina ou na presença de anticoagulantes circulantes.
Contagem Plaquetária e índices Plaquetários
Devido ao seu pequeno tamanho, sua tendência a aderir a superfícies
estranhas ao endotélio vascular e sua rápida desintegração, a contagem
de plaquetas torna-se problemática por qualquer método. As plaquetas são
contadas por métodos diretos e indiretos. Nos métodos diretos elas são
visualizadas em uma diluição do sangue e contadas na câmara de Neubauer
através da microscopia ótica comum ou de contraste de fase. No primeiro
caso, temos o método de Rees-Ecker e no segundo o de Brecher-Gronkite.
Esse último é considerado um método de referência para contagem de
plaquetas. No método indireto de Fônio, plaquetas são contadas no
esfregaço. Contagens eletrônicas, exigindo um aparelho de alto custo,
porém é através deste método de contagem que obtemos os resultados mais
próximos da realidade do paciente.
Os índices plaquetários principais são o VPM (volume plaquetário médio) e o PDW (índice de anisocitose plaquetário ou platelet distribution width). O aumento do VPM (normal: 3-12 ÍL) sugere destruição periférica de plaquetas, como na PTI (púrpura trombocitopênica imune) e na PTT (púrpura trombocitopênica trombótica). O estímulo aos megacariócitos da medula leva a liberação de plaquetas maiores (megatrombócitos - FIGURA 9). Uma outra causa de aumento do VPM é a síndrome de Bernard-Soulier (uma desordem hereditária da função plaquetária), onde aparecem as plaquetas gigantes. As causas de trombocitopenia por disfunção da medula óssea (ex.: aplasia) cursam com plaquetas de tamanho normal. A síndrome de Wiskott-Aldrich cursa com plaquetas pequenas.
Fonte original: coagulograma. Compartilhado com Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License
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